Amo ser mãe. Não gosto de Dia das Mães
Quando eu era pequetita, se algum dia eu fui pequetita (sempre a mais alta e a mais gorducha), sonhava em ser mãe de quatro. Como meu pai tinha uma Belina amarela placa ZV-2732, eu sempre me imaginava tendo uma igualzinha para encher de filho e viajar pelo Rio. Só teria uma diferença: o rádio funcionaria. E eu e meus filhos sairíamos por aí conhecendo lugares e cantando aos berros.
Depois, quando eu tinha 13, nasceu minha irmã temporã, minha primeira experiência com a maternidade. Éramos quatro filhas mulheres morando provisoriamente (quase dois anos) num apartamento de dois quartos em Copacabana: a mais velha começando a namorar; eu, a segunda, querendo espiar o namoro e botando bebê pra dormir; a terceira ainda sem entender como deixara de ser a caçula; e uma recém-nascida.
Não preciso nem explicar por que fui desistindo do número quatro. Na verdade, fui desistindo quase do sonho de ser mãe. Segui em frente e reduzi o desejo à metade: tenho dois filhos maravilhosos (que só perdem o encanto quando se estapeiam), uma penca de afilhados incríveis, nunca tive uma Belina, odeio música alta quando estou dirigindo, amo viajar com eles e amo ser mãe.
Mas não gosto de Dia das Mães. E acho que quando a data cai num 13 de maio outro assunto deveria estar muito mais destacado.
Mas aí talvez seja anticomercial, né?